segunda-feira, 16 de maio de 2011

Se não é o Chiquinho Mineiro, nada fica limpo.


Há 48 anos morador do bairro de Nhumirim, o aposentado Francisco Severino da Silva, ou simplesmente Chiquinho Mineiro de 76 anos é a personificação do que é a prática de cidadania. A mais ou menos oito anos, ele cuida de um terreno próximo a sua casa, que por muito tempo ficou abandonado, cheio de braqueara, e até jararaca.
Chiquinho Mineiro, como o apelido sugere, veio de Minas Gerais, onde nasceu na cidade de Aparecida da Conceição. “Tem vários Chiquinhos, mas como vim de Minas, ficou Chiquinho Mineiro mesmo”, explica
“Ninguém pediu, mas ninguém proibiu, e além do mais, gosto de fazer esse trabalho”. Foi o que Chiquinho respondeu perguntado por que ele toma conta daquele terreno, se nem é sua obrigação.
Depois de limpar todo o local, plantou mangueiras, sete copas, abacateiro, João Bolão, ypê, mamoeiro, goiabeira, pinheiro, entre outras. A criançada faz a festa com as frutas. As árvores seguram o vento forte protegendo as casas vizinhas e mantêm a terra úmida. Uma vez um moleque quebrou um João Bolão, mas foi à única vez também que alguém o atrapalhou.
Chiquinho Mineiro não pretende plantar mais nada, acredita que a área já esta saciada e a cada oito dias, dá os cuidados básicos, como capinar e rastelar. João Bosco, 33 acredita que a prefeitura devia dar pelo menos o herbicida randape, já que o terreno é público e ninguém o ajuda. Chiquinho reclama que tem um galho de mangueira que esta próximo da fiação e a prefeitura deveria podá-lo.
Além de cuidar desse terreno, Chiquinho limpou toda a esquina da Rua Licínia Magalhães com a Rua dos Villas Boas que estava cheia de mato e ainda desentupiu um bueiro. Marcos Ferreira, outro morador de Nhumirim, é bem categórico nessa questão. “Se não é o Chiquinho, não fica nada limpo”.
Chiquinho se sente muito feliz vendo o seu serviço valorizado e alerta. “Não custa nada fazer isso, é só não ter preguiça, que não é nada difícil. Mas se eu parar é bem possível que ninguém tome conta.”
Chiquinho em frente a antiga estação de trem



 Bastidores da Matéria



Nota explicativa:
Em primeiro lugar eu queria deixar claro algumas coisas para vocês, e não é uma música do Luan Santana. Meus posts são divididos em matéria e bastidores da matéria, ou seja, a primeira parte é séria, tudo verdade e até publicado em jornal. A segunda é tudo de estranho ou excêntrico (como prefiro chamar) que acontece comigo nessas experiências arriscadas, com modificações da realidade, que passam tanto por comentários insanos, a fotos bizarras. O importante é que nunca inventei nada, apenas acrescentei informações para poder explicar melhor algumas situações.


Era domingo, estava exaurido depois de um racha de futebol, fui pautado pelo meu tio jornalista para entrevistar o Chiquinho Mineiro. Ele mora quilômetros luzes da minha casa, algo como dois quarteirões. Não o encontrei em sua casa, mas sim no terreno precursor da entrevista. Muito simpático e prestativo, respondeu todas as minhas perguntas e ainda me mostrou todas as árvores mencionadas na matéria. As outras duas fontes se interessaram pela conversa e deram sua opinião. Dessa vez usei uma técnica de título diferente, peguei uma frase do texto que ilustraria bem o assunto, como se fosse o olho de uma reportagem. Essa história ficou na gaveta durante alguns meses, em março para ser mais exato, saiu nessa última edição de maio.


Fique agora com mais um “Flagrantes da vida Real”.


Apresentador: Boa Noite! Mas boa pra quem? Mas um corpo foi encontrado estatelado pelas ruas da cidade. A Al Qaeda esta... Começar a chorar ou falar palavrões para dar mais audiência. O que diretor? Não era para ler isso? Tá bom, mas é pra enrolar mais na apresentação? Não grita meu ouvido, ele não é pinico! Desculpa telespectadores, foi apenas uma discussão sadia com o diretor. Vamos rodar a matéria pra... Q bsurdo, o povo nesse programa quer me ferrar, escrevem coisas para não serem lidas!


Arte rupestre de um gato!


Fazendo parte da paisagem!

Repórter: Essas mortes são uma retaliação da Al Qaeda pela morte de seu líder Obama, digo Osama Bin Laden. Essas foram às conclusões do CSI e do famoso detetive Sherlock Holmes. A vileza das mortes impressiona até os peritos mais experientes, que tem fortes motivos para crer que essa foi apenas a ponta do iceberg e muita coisa ruim ainda pode acontecer. “Nenhum lugar é seguro, desconfie até da sua sombra, seu carro pode explodir por acidente, sua vizinha baranga tão feia que parece homem, esse canhão pode ser um homem bomba, caminhões pode esbagaçar sua cabeça por acidente”. Isso é o que diz um bilhete perto do ultimo corpo encontrado por um morador que não quis se identificar, com medo de ser o próximo da lista. A segurança foi reforçada em demasia para conter o numero de atentados na cidade, foram recrutados um ou dois cadetes da renomada Matilha Ferracini de Ribeirão Preto.


Apresentador: A situação esta começando a fugir do controle. Muita gente esta sofrendo com essas mortes. (A câmera que só focava no rosto abre e mostra o apresentador vestido com uma roupa de boxeador e começa a gritar) Quero ver essa cambada de vagabundo vir me pegar (Dá um soco num saco de pancada), esses caras que se acham o dono do medo estou esperando. Pego todos vocês na calada. Cai pra dentro que aqui o sistema é bruto. Infelizmente nosso tempo já deu. Fiquem com uma poesia do grande mestre Carlos Drummond de Andrade. Um forte aperto de mão, um tapa na testa pra ficar esperto e um beijo na consciência. Obrigado pela audiência, fiquem com Deus e os anjinhos e tchau!


(A mesma vos masculo que apresenta o programa) Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

2 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkk...
    Você é muito cômico, "Arte rupestre". Você de de onde?

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  2. De um lugar longiguo chamado Santa Rosa de Viterbo, mas creio q vc não achará no google maps!!!

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